quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O amor e o vácuo.

Seria uma pretensão arrogante de minha parte querer enunciar qualquer novidade sobre o amor. Não o quero. Tudo que o define já está escrito, aqui ou acolá, por gênios da história da literatura, principalmente. 


Também não me interessa muito este tema. Não pense o leitor que falo do amor. Mesmo porque, seguindo um pensamento de Roberto Freire, é o amor, e não a vida, o contrário da morte. Logo, não estar interessado no amor, seria estar morto, segundo o anarquista citado. 

Não, eu não me referia ao amor quando escrevi não estar interessado nesse tema. O tema, cujo qual não tenho o menor interesse, é o de definir o amor. 

Embora não tendo interesse algum em defini-lo, me interesso em saber os seus sintomas, as consequências indicativas de sua presença. Uma destas consequências, para mim a mais forte, surge quando os olhares se cruzam, e permanecem assim, sem desvio, enquanto os corpos permanecem deitados. Surge no exato instante em que não há fala, não há pensamento, não há distrações nem vontade delas taparem qualquer lacuna na conversa, que não existe tampouco. Não há, para um, nada além do outro no mundo, sendo o mesmo sentimento válido para o outro. 

Sem fala, sem pensamento, sem vontade de cortar o silêncio, sem a percepção do arredor, o que se sente é o nada. Um vácuo. Apenas um vácuo. 

E esse vácuo é o sintoma mais forte da existência do amor.


Um comentário:

  1. Tão bonito... Esse é o texto mais bonito que já li. A identificação com esses sentimentos surgiu de pronto aqui. Mais, por favOr! Hahah

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