quinta-feira, 4 de abril de 2013

Na tentativa de melhorar.

Nas últimas semanas tenho encontrado reações díspares das minhas classes nas minhas aulas. Acho que agora estou percebendo que salas diferentes têm reações diferentes frente a um mesmo método de ensino. E mais, em uma mesma sala, o método que funcionou no ano passado, parece não funcionar esse ano. 

A ideia aqui não é entrar em detalhes sobre a forma como dou aula, quais métodos escolho nem em quais autores me baseio. Mas sim sobre as relações humanas. 

Eu sempre preferi o diálogo ao invés do autoritarismo, não que eu nunca tenha usado a imposição autoritária, mas tento sempre deixar essa opção em último lugar. Tenho notado que o respeito que recebo dos alunos é grande. Ainda tenho certa dificuldade em administrar esse respeito, pois, em alguns casos, eles, alunos, confundem a liberdade com a libertinagem. Preciso trabalhar nesse ponto. 

Estou me sentindo na fase de desequilíbrio para tentar compreender como fazer para que os alunos, além de me respeitar como pessoa, trabalhem em suas aprendizagens. Então esse texto me serve também para organizar um pouco as ideias. 

Sinto que uma alta frequência no uso de autoritarismo faz com que o adolescente, hora ou outra, rebele-se contra o opressor. E se julgarem algo injusto, então o injustiçado terá a legitimidade da sua rebelião frente a sala de aula. Acho essa rebelião um bom sinal social, não gostaria de saber que os jovens não se rebelam frente a injustiça. Então o uso dessa ferramenta, em minha opinião, só deverá ser feito frente a uma situação em que o professor não tenha escolha melhor e em que terá a legitimidade da ação. 

Em algumas salas, há conflitos internos. A mediação dos conflitos também é uma tarefa importante, pois determinará a obediência de propostas ou mesmo de ordens futuras. Não me agrada a ideia de um aluno ter mais ou menos direitos na sala por causa de suas notas ou comportamentos, e isso é o maior pecado de nossa classe. É difícil dar os mesmos direitos a alunos diferentes, mas é de suma importância isso.  

Vale lembrar que esse texto é mais uma reflexão sobre o que passo em sala de aula e menos um tratado de como lecionar. Jamais teria a pretensão de dizer a outro professor como ele deve fazer, pois nem sei se o modo com que eu tento ensinar surte efeito. 

Ultimamente tenho notado que salas diferentes reagem de modos diferentes ao mesmo método. Algumas absorvem bem o conteúdo e outras nem tanto. Como mudar isso? Estou tentando abordagens diferentes em salas diferentes, mas ainda não sei se vai mudar algo. Meu objetivo sempre é tentar maximizar o aprendizado do aluno e, para isso, concordo com Terezinha Azerêdo Rios no que diz respeito a afetividade. Não há como um aluno aprender Matemática, se ele não gosta do professor, da sala ou da escola. A afetividade tem que ser criada pelo professor também.

Bom, como esse texto é mais para eu refletir a respeito do modo como dou minhas aulas, não há nele qualquer intenção de conclusão, mesmo porque não acho que há um modo de ensino universal e atemporalmente eficiente e conclusivo.

2 comentários:

  1. Acho que essa é a parte mais difícil de qualquer carreira: lidar com outros seres humanos. Eu, muito iludida, escolhi tratar de animais justamente pra fugir disso. Agora vejo que não é o que vai acontecer.

    É engraçado como cada sala tem sua própria personalidade. Dá pra perceber que certos professores são mais abertos com algumas salas do que com outras, e certamente os métodos não são os mesmos. Afinal, são pessoas, não dá pra maquinalizar o método (o que, infelizmente, acontece, fazendo um paralelo com o seu texto anterior). Aquele negócio de "não-vou-fazer-a-lição-que-o-fulano-passou-porque-ele-é-chato" é bastante comum, e ridículo também, pura criancice, na minha opinião. Criar um vínculo aluno-professor ajuda muito, eu acho, tanto a ensinar quanto a aprender... Mas, como eu sou só uma humilde aluna e não entendo nada de lecionar, tudo o que posso dizer é que você é um dos professores que me faz querer aprender, só pra deixá-lo orgulhoso. Não sei se a cabeça do resto da galera também funciona assim... Deve ser muito complicado achar um jeito eficiente.

    Às vezes gente não tem noção do trabalho que dá, haha!

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    1. Lidar com animais pode ser algo diferente. Afinal, quem será mais imprevisível, eles ou os humanos?

      Eu estou numa fase de não criticar o jeito de ser de cada aluno, pois cada um teve uma história de vida diferente com famílias diferentes e situações mil diferentes. Assim, acredito que há uma explicação para cada comportamento, não uma justificação. Portanto, mesmo se um aluno não fizer uma lição por um motivo classificável como criancice eu, como professor, tenho que tentar entender e fazê-lo entender a causa dessa criancice para que, mesmo esse aluno hipotético sendo assim, faça bom proveito dos estudos.

      O fato de você ser "apenas" uma aluna faz com que sua opinião tenha MUITO valor para mim, pois escrevi o texto pensando em vocês. É bom ter uma resposta às vezes (sim, às vezes, pois as perguntas sem respostas nos alimentam mais do que as certezas).

      Obrigado pela parte que me toca. Você sabe da reciprocidade disso, pois aprendo muito contigo também. E mais, você já é uma pessoa muito especial na minha vida.

      P.S.: dá um pouco de trabalhos sim, mas é tranquilo. Há outros trabalhos cujos quais eu não suportaria ficar uma semana.

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