domingo, 31 de março de 2013

Matemática é importante?

O título é provocativo, mas não um absurdo. Vi uma palestra de quinze minutos, pela internet, de um senhor chamado Ken Robinson e outro vídeo bem interessante sobre os paradigmas educacionais. Esse segundo vídeo, para minha felicidade, foi indicado por um ex-aluno, Fernando. Os vídeos mencionados estão no final desse texto.

Bom, começando com o fator histórico, o senhor Robinson diz que nosso sistema educacional público (ocidental) foi criado há cerca de duzentos anos baseado no sistema universitário europeu e na revolução industrial. Desde então, não houve mudanças radicais a esse sistema, o que o torna preocupante, pois seu foco era qualificar pessoas para atender às demandas da indústria. Será que esse foco não mudou, ou deveria ter mudado, em duzentos anos?

Apesar de não sabermos, temos vários paradigmas educacionais. Por exemplo: em todo o ocidente, Matemática e Línguas são consideradas mais importantes do que Dança, Arte ou Música. Será mesmo que devemos considerar Matemática mais importante do que Dança? E, para não parecer algo utopista ou romântico demais, o senhor Robinson dá um ótimo exemplo: uma das melhores coreógrafas do mundo (fez as coreografias de "Cats" e "O fantasma da ópera", por exemplo) foi diagnosticada com dificuldade de aprendizado na infância, sua mãe a levou para um médico, que ao invés de dar um remédio para virose e manda-la para casa, colocou uma música e a deixou sozinha numa sala. Do lado de fora, o médico e a mãe observaram a menina levantar-se e começar a dançar, então ele disse para a mãe que a menina não tinha problemas, ela era uma dançarina. Assim, sua mãe a levou para uma escola de dança e hoje ela é o que é. Caso você leitor considere sucesso o tanto de dinheiro que uma pessoa acumula na vida, aqui vai um disparate: essa coreógrafa é hoje milionária. Será que ela seria tão bem sucedida caso aquele médico tivesse receitado um remédio para aumentar sua atenção em sala de aula?

No segundo vídeo, Robinson mostra que até os cinco anos, noventa e oito porcento das crianças são classificadas como "gênios" e esse número cai drasticamente à medida que vão chegando à metade da adolescência. O argumento dele é que esse sistema educacional mata a criatividade do aluno. 

O sistema educacional brasileiro está se auto-avaliando através de provas dissertativas ou múltipla escolha. O problema é que no ensino fundamental essas provas cobram somente Língua portuguesa e Matemática. O que está acontecendo aos poucos é que as escolas, com o intuito de fazerem seus alunos saírem-se bem nessas avaliações, dão um enfoque às duas matérias cobradas, deixando um pouco de lado as outras. Assim, essa avaliação do sistema educacional viciou o próprio sistema educacional (deem uma olhada nessa matéria). É incrível como as notas nessas provas virou o objetivo da educação da escola, não deveria. 

Ainda assim o buraco é mais embaixo. Mesmo que o sistema de avaliação não viciasse o sistema educacional. Supondo que o Brasil ensinasse por igual todas as matérias regulares: Matemática, Português, Geografia, História, Ciências (Química, Biologia e Física). Ainda sim, cadê Artes, Dança, Pintura, Teatro, Música etc? 

Ken Robinson diz que os sistemas são baseados no que a sociedade poderá atender a Nação no futuro, mas como podemos saber disso se não conseguimos sequer prever o que acontecerá no mercado financeiro no mês que vem? Alunos de dez anos de hoje se aposentarão em dois mil e sessenta e oito. Será que somos capazes de prever qual demanda teremos num intervalo tão grande assim de tempo? 

Não há conclusão nesse texto, pois ele diz respeito a um problema que por enquanto está na fase de exposição de defeitos. Cabe ao leitor analisar por si só e não aceitar uma análise mastigada de quem te escreve. Não se desespere caso não consiga tirar conclusões por si só sobre esse problema, pois você é apenas mais uma consequência desse sistema educacional problemático, que mina a criatividade e a autonomia.

Obrigado pelos vídeos, Fernando Mangarian de Freitas.

P.S.: Os vídeos mencionados seguem abaixo. O primeiro é uma mini palestra de Ken Robinson, ele é bem humorado. O segundo é outra argumentação dele, com um recurso visual artístico ímpar.






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