10...9...8...7...

Assisti ao último filme do Batman e fiquei decepcionado. Não somente por esse filme, mas sim pela loucura de histórias extraordinárias que vêm da Califórnia (modo de falar, pois nem todo filme hollywoodiano é filmado em Hollywood). No filme, o Batman se ferra ao tentar encarar o Bane, é enviado para uma prisão que somente uma pessoa escapou, ele treina durante cinco meses, tempo em que Bane ativou uma bomba, sempre a bomba fazendo parte das megaproduções, que explodirá Gothan City ao final desses cinco meses e que, por um motivo inexplicável, nem exército, nem marinha, nem aeronáutica norte-americanas conseguem invadir a ilha. Claro que eles não conseguem, pois tem que ser o Batman a fazer isso. E não pode fazer isso depois de um mês, nem dois. Claro que ele tem que chegar na ilha na véspera da bomba explodir e a trama terminar com segundos para essa explosão. Muito óbvio. Que nojo!
E, depois de ver a uma entrevista de Wim Wenders, cineastra alemão, me dei conta que o grande público esqueceu como apreciar a beleza de uma história simples. Tudo tem que ser extraordinário, o mocinho tem que quase morrer, dar uma de fênix e acabar com todo o quiprocó a segundos de uma explosão. Sempre a mesma coisa, SEMPRE!
Estou em uma sequência de filmes formidáveis (exceto, está claro, esse do Batman) em que não há bombas, nem explosões, nem coisas absurdas acontecendo. Filmes como "o segredo de seus olhos", "um conto chinês", "medianeiras" e "entre os muros da escola". São histórias belíssimas, tensas, incríveis, mas o mundo não corre risco de extinção caso o bem não vença. Aliás, nem a bipolaridade 'bem versus mal' existe, o que me agrada muito.
Sei lá, acho que devo começar a olhar mais para os cinemas argentino, brasileiro e francês. Pois o pouco que vi, gostei.
Para entender o que eu tentei dizer aqui através de Wenders e Saramago digite no Youtube "mago saramago - caverna de Platão e as imagens". Vão entender melhor com o vídeo o que eu quero dizer do que lendo esse texto porco, sem bombas, contagens regressivas nem 'cabuns'!

P.S.: Segue um dos vídeos do Wim Wenders.

P.S.2: Janela da Alma, com José Saramago e Wim Wenders: