domingo, 1 de dezembro de 2013

Sinais do fim (?).

Para os que me conhecem mais de perto, é chover no molhado dizer que sou contra o sistema capitalista. Penso que ele é falido por crer num crescimento econômico infinito num mundo com recursos finitos (quando o PIB de um país recua, rotula-se crise, o mesmo acontece com receita, bruta ou líquida, de uma empresa). Não tenho dúvida que é uma questão de tempo para ele ruir pela contradição sustentadora de sua existência. 



Por causa da existência do lucro, há um direcionamento vetorial do dinheiro para o topo da pirâmide sócio-econômica (sim, social também, visto que num sistema capitalista, a condição social está correlacionada a condição econômica), fazendo com que esse topo fique cada vez mais distante de sua base. Esse fluxo das riquezas em direção ao topo vai escancarando a ferida e fazendo com que ele, o sistema capitalista, caminhe com mais dificuldade à medida que o tempo passa. Uma evidência gritante do início do declínio é o artigo "Um tratado para estabelecer o governo das multinacionais", em que Lori Wallach destrincha uma tentativa de acordo entre E.U.A. e Europa, ainda em negociações, que tira o poder do Estado contemporâneo e o coloca nas mãos das multinacionais.

Atenção, as pressões das grandes empresas sobre os estados já existe há mais de um século. A novidade trazida no referido artigo é a legalização de um maior poder por parte das gigantes empresas sobre os governos dos países signatários. Para aguçar a curiosidade de alguns de vocês, se esse tratado vingar, entre outros absurdos, as empresas poderão processar internacionalmente um país que aumentar o salário mínimo dos trabalhadores, porque isso diminuiria a margem de lucro esperado. 

Depois de baixada minha cólera ao terminar de ler o artigo, percebi que esse tipo de atitude é o começo de um desespero capitalista. Como o crescimento tem de ser infinito, mas o planeta é finito, então o temor por não ver mais possibilidades de grandes boom's econômicos faz com que as grandes organizações comecem a tentar rasgar as conquistas sociais em prol de um horizonte de crescimento, ainda que seja apenas mais um suspiro do que uma cura.

Pode ser que o capitalismo dure anos, décadas ou séculos, mas não consigo entender que ele possa existir infinitamente. É como a morte para o indivíduo, isto é, certa que venha, porém incerta quanto ao momento de sua chegada.



O que teríamos depois do colapso desse sistema? Não faço ideia, porém, tendo a crer que se tivermos a existência de estados centralizadores de poder, corremos o risco de, depois de um período de inexistência, o capitalismo voltar, pela possibilidade de quem ministrar o poder ser corruptível.

Sendo assim, a possibilidade que minha limitada e fechada mente concebe como a melhor é o anarquismo, poderoso do ponto de vista social, igualitário e de responsabilidade do indivíduo com relação ao coletivo, mas instável por não existir um governo. Não que a não existência de um governo seja sinal de fragilidade, não o é, mas fica um espaço vago para ser tomado por quem não tem os mesmos ideais dos quais vivencia a sociedade, o que torna a existência do anarquismo difícil, pelo menos por um período relevante historicamente.

P.S.: Contradições de um capitalismo opressor: em 2010, quando o governo era criticado e o país falava ainda em crise causada pelo estouro imobiliário do subprime de 2008, o Itaú anunciava lucro recorde.




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