domingo, 10 de fevereiro de 2013

Consumismo.

Sempre achei que o problema do consumismo era apenas de ordem financeira. 

Uma pessoa que é consumista tem problemas de gastar mais do que ganha. Esse princípio básico para viver-se com uma certa tranquilidade não é satisfeito por grande parte da população. O que foi percebido por mim durante minha vida adulta é que pessoas que ganham acima, ou melhor, muito acima da média brasileira também passam por esse problema. O analfabetismo financeiro atinge todas as classes. Isso é grave, e não consegui nenhuma solução melhor do que educação no ambiente familiar, através de exemplos, pois crianças percebem muito o que os adultos fazem. O problema é esperar uma educação financeira no ambiente familiar sendo que a própria família tem problemas financeiros. Seria como eu querer ensinar Filosofia ou Geografia. Não daria. Não vou me alongar na possível solução, quero entender melhor o problema. 

Como disse no início, pensava que o problema do consumismo restringia suas consequências às finanças domésticas. Porém, depois de assistir ao vídeo postado no final desse texto percebi que o problema é maior. A tentativa ou consequência do consumismo é o encurtamento da fase infantil da criança e, assim,  torná-la uma pequena adulta. Isso é grave, pois com esse encurtamento da vida infantil, vem outras coisas como a necessidade de um namorado ou uma namorada, o tratamento da mulher como objeto que serve ao homem, o papel do homem como patriarca e que tem que ser servido pela mulher, gravidez precoce etc. 

Há uma certa generalização nesse vídeo que não me atrevo a reproduzi-la. Nem toda criança é assim, mas muitas são. Também devo fazer a seguinte ressalva: não julguem as crianças nem os pais que aparecem no vídeo. Eles são apenas consequências de um modo de vida escolhido por uma minoria e imposto a todos. 

Não tenho muito mais o que refletir sobre isso que não esteja no vídeo. Quem tiver tempo, assista. Talvez não tenha uma solução nele, mas a partir dele podemos pensar em como queremos educar nossos filhos.



4 comentários:

  1. Bela reflexão, meu amigo!
    O modo como nossa sociedade vem se estruturando é demasiado complexo e imensamente perigoso! Antes mesmo de discutir esta forma perversa com a qual a mídia influencia nossas crianças, devemos ter em conta que mesmo os pais representam a mais forte influência neste sentido!
    Como reverter isto? Não sei! O consumo desenfreado é o maior alicerce deste universo capitalista e, por mais que possamos discutir o quão nocivo é o Capitalismo para o desenvolvimento de nossa espécie e para a saúde do nosso planeta, é extremamente difícil propor uma alternativa viável (leia-se, realizável). Basta ler sobre o colapso do socialismo para evidenciar isto.
    Gostaria, se possível, de receber sua visita no texto http://outrosdialogos.blogspot.com.br/2011/06/falacia-do-consumo.html , para que possamos dar continuidade e este assunto!
    Que a Força esteja com você!

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    1. Há umas quantas questões no seu comentário, Marcelo. Bom, não sei ainda o que é mais verossímil: o capitalismo é nocivo ou o capitalismo como está em vigor é nocivo. Será mesmo que o capitalismo gera os males que vemos por aí? Será que alguns dos males usados como argumentos contra o capitalismo não existiriam em outro tipo de sistema político/econômico? Tenho minhas dúvidas em colocar no capitalismo toda a culpa pelo consumismo (talvez fôssemos consumistas num sistema comunista, mas de uma outra forma, porém também maléfica).

      Posto que tenho minhas dúvidas em considerar o capitalismo um problema, volto meu foco ao consumismo como descrito no vídeo. Você perguntou o que fazer para reverter isso, bom esse texto e essa conversa já são, em si, a resposta. A maneira como eu vou educar meu/minha filho/filha também é resposta. Agora, como considero todo ser humano livre (entenda-se liberdade no sentido posto por Sartre), então não me sinto no direito de dizer como outras pessoas devam educar seus filhos.

      O que poderia haver (talvez há, mas desconheço) é algum tipo de esclarecimento aos futuros pais sobre as consequências de uma educação consumista. Caso mesmo assim eles optem por educar seus filhos da forma como os pais do vídeo educaram, é uma escolha deles.

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    2. Saudações amigo Lucas!
      Terminei o dia anterior ruminando seu raciocínio, com o qual concordo, porém, devo apresentar uma experiência que me deixou perplexo.
      O fato é que, enquanto (pseudo)filósofo, concordo plenamente com suas inferências, sobretudo em relação à necessidade de oferecer esclarecimentos aos futuros pais. Este sou eu como teórico. Mas como pai, vi-me ontem em um dilema. Minha senhora precisava de uma bolsa nova (sem consumismo. A anterior estava danificada. rs) e fomos ao shopping. Na loja, meu pequeno ficou fascinado com a diversidade de mochilas, nas mais diversas cores e personagens. Como pai, fiquei com o coração partido em privar este menino de um desejo tão simples, porém, nada barato. Isto ocorreu ONTEM, depois da leitura do seu texto e de sua réplica ao meu comentário, ainda assim, a decisão de não adquirir a mochila veio da situação financeira da família (sou professor! rs), não de minhas convicções filosóficas!
      Queria que o senhor comentasse este lado da coisa!

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    3. Marcelo, quando eu escrevi que os futuros pais deveriam ter algum ensinamento para romper ou diminuir o efeito do consumismo nos futuros filhos eu não me exclui do raciocínio.
      Como não li nada sobre educação infantil que abordasse o consumismo e como não tenho filho, qualquer opinião minha a respeito do ocorrido com você e seu filho seria um mero achismo que poderia dar certo ou errado na mesma proporção de um cara ou coroa.

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