sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Oito de fevereiro.

Quando eu tinha doze anos (não lembro quando foi, mas meu cérebro simpatizou com o número doze), eu não entendia porque meu aniversário era sempre no dia oito de fevereiro. Eu pensava mais ou menos assim:

"Se um ano completo vai de primeiro de janeiro até trinta e um de dezembro, então o ano não é completado no mesmo dia do início da contagem, mas sim um dia antes. Como eu nasci em oito de fevereiro de mil novecentos e oitenta e quatro, então completei um ano de vida em sete de fevereiro de mil novecentos e oitenta e cinco, dois anos em seis de fevereiro de mil novecentos e oitenta e seis e assim por diante".

Como eu era bem novo, desconsiderava o bissextismo gregoriano, que acontece em anos múltiplos de quatro, mas que não são múltiplos de cem, exceção feita aos múltiplos de quatrocentos. Então eu percebi que havia um erro na comemoração de meu aniversário. Logo concluí que todas as pessoas do mundo comemoravam seus aniversários em datas erradas. 

Fiquei com esse imbróglio durante muito tempo, anos talvez. Mas fui convencido de que meu aniversário é, e continuará sendo, em oito de fevereiro, não importando o ano, desde que eu esteja vivo. Portanto, hoje faço vinte e nove anos. 

Quando eu era adolescente, pensava que ao me aproximar dos trinta anos, ficaria mais sossegado, menos idealista, com um emprego seguro e, portanto, sem muitos sonhos ou objetivos. Talvez pensasse isso pelo fato das pessoas com trinta anos com quem eu convivia estarem assim. Percebo hoje que errei redondamente (nunca entendi o porquê de 'redondamente' indicar 'muito' nesse caso, mas resolvi usar essa expressão). Quero mais do que queria com catorze ou quinze anos. Os sonhos, utopias, desejos ou seja lá como o chamem, mudaram, mas não diminuíram de intensidade. 

O que eu sou? O que me define? Não sei. Mas talvez eu seja um pouco como Zelão, meu professor de Física da faculdade. Um senhor na casa dos sessenta anos que trabalhava de dez a doze horas por dia e amava isso. Ele dava aulas incríveis, me fazia pensar, Filosofar em qualquer circunstância (até mesmo com um simples gráfico de uma senoide), pesquisava algo em Física que eu não lembro e também algo ligado a Sistemas Dinâmicos (assunto de minha iniciação científica e mestrado), participava das assembleias que definiam os rumos políticos da Unesp e cantava no coral da faculdade. Incrível. Sempre admirei esse seu ímpeto para com tudo. Será que sou assim? Não sei, mas torço para que sim.

Sei que hoje me sinto autônomo do ponto de vista moral (segundo Jean Piaget), decidido e feliz. Desapegado para tomar decisões importantes, tornando-as bem mais simples de serem tomadas. Mas até que ponto esse desapego é bom? Sei lá, viu.

Então é isso, não sei como terminar esse texto. Enquanto penso, vou teclando, ouvindo o Antero Greco e mastigando um pedaço de queijo muçarela (fiquei espantado quando descobri que é com cê-cedilha, mas essa é outra conversa).

2 comentários:

  1. Vânia de Almeida Castro8 de fevereiro de 2013 às 12:58

    Indagações compartilhadas....sempre tive dúvidas parecidas. No entanto, como meus pais nunca souberam me responder o porquê delas, resolvi deixá-las de lado. Parabéns pelo aniversário (29 é um bom ano)e parabéns pelo blog (não lembrava que você escrevia tão bem!!!) Beijos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na época da faculdade eu era semi-analfabeto, Vânia. Comecei com o blog depois de formado. Ainda tenho muito que aprender. Mas uma forma de aprender a escrever é escrevendo.

      Essas indagações parecem bobas, mas me levaram a Matemática.

      Excluir