sábado, 20 de abril de 2013

Aos doze anos novamente.

Na minha última aula de Física para o sexto ano me senti com doze anos novamente por causa de uma pergunta e a consequente discussão gerada pela indagação da aluna.

A aula era sobre o Universo de Newton e, em seguida, eu falei sobre o paradoxo de Olbers. Sim, o material usado pelo colégio onde dou aula ensina isso para o sexto ano, ainda não sei o que acho disso, mas que é divertido, isso é. 

Só fazendo uma recapitulação contextual, o Universo de Newton é um conceito que foi aceito por duzentos ou trezentos anos com poucos questionamentos e esse conceito diz que o Universo onde estamos inseridos seria infinito e com suas estrelas estáticas, apenas os astros menores se movimentariam, por exemplo os planetas, meteoroides, satélites naturais etc. Depois de muito esforço para fazer o heliocentrismo ser aceito através de importantes nomes como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton, parecia que essa tese era a mais plausível para explicar como seria o lado de fora do planeta Terra. 

Em mil oitocentos e vinte e seis, Heinrich Wilhelm Olbers propõe um raciocínio intuitivo que ficou conhecido como paradoxo de Olbers. Antes de continuar, vale lembrar que, para que o paradoxo de Olbers seja mesmo um paradoxo, há uma suposição extra para o Universo de Newton. Além de ser infinito e com as estrelas estáticas, a distribuição dessas estrelas no Universo teria que ocorrer de modo regular. Alguns aceitam essa suposição, outros não. 

O paradoxo: se o Universo fosse infinito, com as estrelas estáticas e com a distribuição das estrelas de modo regular no Universo, então todo espaço do céu teria que estar ocupado por uma estrela. Sendo assim, o céu noturno teria que ser altamente brilhante e isso, sabemos, não acontece. Assim, o Universo não pode ser do jeito que diz o conceito Universo de Newton. 

Em seguida, a apostila fala sobre a Lei de Hubble (as estrelas não estão paradas, mas sim se afastando umas das outras e com velocidade proporcional a distâncias que as separa da Terra), em seguida traz a ideia vigente no início do século passado, que o Universo é finito e está se expandindo. Foi nessa parte que uma aluna me perguntou "professor, se o Universo é finito, então o que tem do lado de fora dele?". 

Lembro que eu, na idade deles, ficava me remoendo em tentar entender isso também. Há um limite no Universo? Se há, do que ele é feito? O que tem do outro lado não pode ser considerado Universo também? Se o Universo, exceptuando os astros, é um vácuo, como é o lado de fora? Existe o lado de fora?

Estranho pensar que há um limite, um lugar que seja a fronteira do Universo. Mas mais estranho ainda é pensar que, depois desse limite, há a "não-existência", ou seja, o "lado de fora" simplesmente não existe. É diferente de dizer que há um nada, pois podemos dizer isso sobre o que há entre a Terra e a Lua, o vácuo, o nada. No caso do lado de fora dos limites do Universo, nem isso há, nem o nada temos para saciar nossa sede por uma certeza, por uma conclusão. Há la a não-existência. Você consegue imaginar isso?

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