Uma frase dita por mim pode não ter o mesmo significado desta mesma frase dita por você. Isso porque a minha história de vida é diferente da sua.
Parece-me que estamos a viver num mar de sorrisos amarelos e panos quentes. E fica o entendido pelo provável, pelo menos no momento da conversa. O entendimento do que se passa na cabeça do outro quando disse o que disse poderá nos tirar o sono mais tarde.
E porque seria importante entender o que se passa na cabeça do próximo quando disse o que disse? Ora, para que saibamos a realidade do que se passa nesse convívio, ou seja, quais os interesses de ambas as partes, grau de confiança, compreensão de ideias etc.
Isso me lembra uma frase: "Eu sou responsável pelo que eu falo, mas não pelo que você ouve"
Uma frase de uma tremenda irresponsabilidade. Será?
O problema da oralidade é que sentimos o que sentimos, mas, no momento de transformar em palavras, você já perde conteúdo ou distorce-o. Porém, vamos supor, por absurdo que pareça, que eu consiga dizer em palavras exatamente aquilo que eu sinto e penso. Pronto, agora estamos à mercê do que você entendeu, entende? Estamos nos arredondamentos de como você vai transformar em sentimentos e compreensão aquilo que saiu da minha boca em palavras. Duas etapas da troca de sentimentos ou ideias que contém muitos erros acumulados, tornando essa troca uma tarefa confusa, disfarçada pela aceitação do que é mais provável, como já foi dito.
Talvez por isso tudo o abraço, o beijo e o sexo sejam tão sublimes. Os corpos estão conectados de modo a aproximar ao máximo o que eu sinto e penso do que você sente e pensa. Então esses erros de transformar em palavras o que se sente e de interpretar o que foi dito para transformá-lo em sentimentos e sentidos ficam quase que zerados. Em alguns casos, zerados. E talvez, nestes casos, em que ambas as pessoas se compreendam de uma maneira exata e sem dizer palavra alguma é que aconteça o amor.
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